Acabou o curso e muito há por dizer. A nível pessoal acho que melhor não podia ter corrido. Terminei com uma boa nota, o que me deixou muito satisfeito.
Foi um ano muito compensador onde passei por tudo. Posso até dividi-lo em duas partes. Foi quase como passar do Paraíso ao Inferno. Até Junho, não houve grandes sobressaltos (se não contar com a "paixão platónica"). Foi calmo, apesar da semana no Lar do Centro. A partir daí, as coisas mudaram radicalmente. A doença do meu irmão mexeu comigo. Aprendi a conviver com um novo facto. Custou-me imenso no início. Cheguei a pôr a hipótese de pedir ajuda psicológica, mas consegui dar resposta a mim próprio e levantar a cabeça.
Conheci novas pessoas e cheguei a apaixonar-me (não devia... mas aconteceu). O pior é quando isso acontece e temos a perfeita noção que não está mesmo ao nosso alcance. No entanto, nunca consegui esquecer totalmente este facto. Cada vez que a vejo, sinto algo diferente em mim.
Até no dia da festa de Natal do Centro de Formação, voltei a vê-la. Sabia que isso era praticamente inevitável e fiquei com a certeza que não a esqueci... totalmente.
Acho que isto não podia terminar de outra maneira. Era o destino que já tinha programado. Por puro acaso, estive mesmo ao lado dela, mas não tive coragem de olhar. Simplesmente... ignorei-a. Mas o mais curioso foi a imagem com que fiquei ao sair do almoço da festa. Olhei simplesmente e vi-a de costas. Ali tive a perfeita noção que tinha que enterrar de vez o assunto. Apenas espero que ela seja feliz com o seu namorado (ou guarda-costas, pois tem ar disso).
Apesar deste grande contratempo (acaba por ser, pois só nos faz "voar"), o curso foi óptimo. Cresci muito, aprendi a falar olhos nos olhos com as pessoas. Não me refugiei à espera que as coisas acontecessem. Exemplo disso foi quando incentivei os meus colegas a dar a cara depois de um erro que cometemos em conjunto.
Entrámos em conjunto na sala meia hora antes da hora de entrada. Aparentemente, isso é ilegal naquele Centro, Querer trabalhar é pecado. Fomos expulsos da sala por uma técnica quase como quem atira um animal para fora de casa. Para ajudar à festa, fomos avisados que não poderiamos entrar sem termos uma "conversa" com a Directora do Centro.
Neste momento, fiz o que mais me encheu de orgulho num ano. Falei com os meus colegas e dei a ideia de darmos a cara, pois sairiamos dignificados da situação pouco dignificante. Assim fizemos e explicamos tudo. A Directora disse-nos que poderiamos entrar mais cedo, desde que devidamente autorizados.
Porém, o melhor estava para vir. Ao sairmos da sala, a técnica (deveria ser escrito com letra grande, mas esta senhora não merece pelo que nos fez passar) estava a chegar para falar com a Directora. Suponho que ela iria explicar a situação e depois levaria-nos como "prisioneiros" de uma qualquer caçada ao homem. Ela toda "inocente" perguntou-nos se já estávamos a sair. Naquele instante, só me apeteceu responder: "Será que não é óbvio que estamos a sair?". Contive-me e olhei sempre em frente. Senti que a técnica ficou "desapontada" com o nosso assumir de responsabilidade. Pelo contrário, senti um orgulho enorme por ter feito o mais certo.
Esta imagem vale por tudo o que passei...